Teve um dia a raposa a fantasia
De convidar para a ceia a Comadre Cegonha.
A raposa é mesquinha: só havia
Umas papas de milho, uma vergonha…
E o pior deste caso
É que as mandou servir num prato raso.
Dona Cegonha bem estendia o bico:
Debicou, debicou – mas não comeu fanico.
E a raposa atrevida
Lambeu as papas todas de seguida.

Dias mais tarde, para se vingar,
Foi a vez de a cegonha a convidar.
«Com muito gosto», volve a outra a toda a pressa,
«Eu não sou de cerimónias, ora essa!»
E à hora combinada, à hora em ponto,
Lá foi bater à porta da cegonha.
Entrou, cumprimentou muito risonha,
E achou o jantar pronto.
Do apetite não lhes digo nada,
Que a raposa anda sempre esfomeada,
E toda se lambia
Ao cheiro que sentia
Da vitela guisada…
Serviram-lhe o pitéu, para a castigar,
Numa vasilha de gargalo esguio.
O bico da cegonha, esse, podia lá entrar…
Mas o focinho da comadre era de outro feitio.
Lá voltou em jejum para casa, corrida,
De rabinho entre as pernas e de orelha caída.

Manhosos aldrabões, o conto é para vocês,
Já ficam avisados:
Há-de chegar-lhes, tarde ou cedo, a vez
De serem enganados.

La Fontaine, Fábulas, Editorial Verbo






Indica a moralidade desta fábula.








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2 comentários:

    Carolina Silva disse...

    A moralidade desta história é como o ditado "Não faças aos outros o que não gosta que façam a ti."

  1. ... on 24 de novembro de 2009 às 18:14  
  2. Elsa Neves disse...

    Bravo, Carolina!

    Vamos lá, 7.ºD! Todos a participar no blogue. Aceitem os convites que vos enviei, sigam as instruções (estarei sempre disponível para resolver qualquer dúvida), publiquem coisas e comentem.

    Quero mais comentários sobre a fábula da Raposa e a Cegonha!

  3. ... on 24 de novembro de 2009 às 18:36